domingo, 21 de dezembro de 2008

Memória ao Conservatório Real de Almeida Garrett

Na Memória ao Conservatório Real, lida quando ofereceu o "Frei Luís de Sousa" à prestimosa instituição, afirma Garrett que a peça capaz de entusiasmar o homem moderno é o drama romântico. Expõe esse acerto comentando a peça que leva na mão. Almeida Garrett não quis fazer uma trágedia e, continua a expor o dramaturgo que não lhe deu o nome de tragédia, porque:
- o assunto não é antigo;
- não quis usar o verso;
- utilizou a prosa, pois mal parecia não colocar prosa na boca do melhor prosador português.
Garret conta que a história de Frei Luís de Sousa tem a mesma simplicidade de uma fábula trágica antiga. Na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus. As personagens da pbra podem ser comparadas a personagens mitológicas evidenciando, contudo, a sua superioridade.
É uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”. Sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade.

sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Análise do discurso: "I have a dream"

A complexidade da linguagem humana não se reduz às regras lógicas, pois o discurso pode ser analisado segundo diferentes perspectivas. Na minha perspectiva a América é um país bastante racista. Onde a raça negra não é aceite, onde é considerada uma classe fraca. Martin Luther King, discursou perante toda a humanidade sobre o seu sonho. O sonho dele seria sempre um sonho, acho que não era um desvaneio temporário. Se vivesse, hoje ainda, teria esse sonho. Muito pouco, ou quase nada, aconteceu do sonho desse homem tão importante para a humanidade!
Martin Luther King no seu discurso recorre a um discurso claro, mas onde a sua tese (luta pelo igualdade racial) é bastante explicita. Martin Luther King recorre à emotividade, à imaginação e ao conhecimento para dar vida ao seu discurso. Recorre a figuras de estilo, tais como a apóstrofe e a metáfora. Apelando-se ao real e pondo uma perspectiva futurista.

sábado, 29 de novembro de 2008

" I have a dream "

Discurso proferido no dia 28 de Agosto de 1963, aquando da Marcha Nacional sobre Washington em que participaram cerca de 250000 pessoas e que foi considerada a mais importante e a mais significativa marcha pela liberdade e pela justiça nos Estados Unidos. Dessa marcha, irão resultar a nova lei dos Direitos Civis (1964) e a Lei dos Direitos de Voto (1965).

" Sinto-me feliz por estar hoje aqui convosco naquela que irá ficar na história da nossa nação como a maior manifestação pela liberdade. Há um século, um grande Americano, a cuja sombra simbólica nos acolhemos hoje, assinou a Proclamação de Emancipação. Essa proclamação de extraordinária importância foi como um grande farol que veio iluminar a esperança de milhões de escravos negros, que ardiam nas chamas da asfixiante injustiça. (…)

Mas há uma coisa que eu posso dizer ao meu povo, que se mantém firme no limiar acolhedor de acessos ao palácio da justiça: no processo de conquista do lugar a que temos direito, importa que não cometamos actos condenáveis. Não podemos saciar a nossa sede de liberdade bebendo do cálice da acrimónia e do ódio. Temos de travar e nossa batalha mantendo-nos sempre num plano elevado de dignidade e disciplina. Não podemos consentir que o nosso protesto criativo degenere em violência física. Sistematicamente, temos de nos erguer à altura majestosa da resposta à força física pela força anímica. (…)

Não nos deixemos afundar no vale do desespero. Digo-vos hoje, meus amigos: mesmo que tenhamos de enfrentar as dificuldades de hoje e de amanhã, eu ainda tenho um sonho. Um sonho que mergulha profundamente as suas raízes no sonho americano.

Tenho um sonho de que um dia esta nação se irá erguer e viver o significado autêntico do seu credo – temos por verdades evidentes que todos os homens foram criados iguais.

Tenho um sonho de que um dia nas vermelhas encostas da Geórgia os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos donos de escravos conseguirão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.

Tenho um sonho de que até o Estado do Mississípi, um Estado asfixiado pelo calor da injustiça, asfixiado pelo calor da opressão, se irá transformar num oásis de liberdade e justiça.

Tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos irão um dia viver num país em que não serão julgados pela cor da sua pele mas sim pelo conteúdo do seu carácter.

Eu hoje tenho um sonho!

Tenho um sonho de que um dia, no longínquo Alabama, com os seus tenebrosos racistas, com o seu governador de cujos lábios brotam palavras de interposição e de aniquilação, um dia, precisamente no Alabama, os meninos pretos e as meninas pretas irão poder dar irmãmente as mãos os meninos brancos e às meninas brancas.

Eu tenho um sonho!

Tenho um sonho de que um dia todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro serão abatidos: e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. (…)

É a nossa esperança. É esta a fé que eu vou levar comigo no meu regresso ao Sul. (…)

Biografia de Martin Luther King



Martin Luther King nasceu em 15 de Janeiro de 1929 em Atlanta na Geórgia, filho primogénito de uma família de negros norte-americanos de classe média. Seu pai era pastor baptista e sua mãe era professora.
Com 19 anos de idade, Luther King tornou-se pastor baptista. E, mais tarde, formou-se teólogo, no Seminário de Crozer. Também fez pós-graduação na universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de música com quem se casou. Foi professor em Memphis, dirigiu a famosa greve contra a discriminação nos transportes públicos, erigindo-se em campeão dos direitos dos negros. Pugnou pela resistência passiva ao estilo Ghandi, como forma de consecução dos seus objectivos.

Ganhou o prémio Nobel da Paz, em 1964.

O seu pacifismo não impediu o seu assassinato em Memphis, em Abril de 1968.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Mito de Bandarra


António Gonçalves Annes Bandarra, mais conhecido por Bandarra. Nasceu em 1500 e morreu em 1556, em Trancoso. Profeta, poeta e sapateiro de Trancoso. É uma figura histórica do distrito da Guarda. Era sapateiro e dedicou-se à divulgação em verso de profecias de cariz messiânico. Tinha um bom conhecimento das Escrituras do Antigo Testamento, do qual fazia as suas próprias interpretações. Por causa disso, foi acusado pela Inquisição de judaísmo e as suas trovas foram incluídas no Catálogo de Livros Proibidos, já que suscitaram interesse sobretudo entre cristãos-novos. Foi inquirido perante este tribunal, sendo ilibado, mas foi obrigado a participar na procissão do auto-de-fé de 1541 e também a nunca mais interpretar a Bíblia ou escrever sobre assuntos da Teologia.
A sua obra chamou-se "Paráfrase e Concordância de Algumas Profecias de Bandarra" e foi editado por D. João de Castro. A obra foi interpretada como uma profecia, ao regresso do Rei D. Sebastião após o seu desaparecimento na Batalha de Alcácer-Quibir, em Agosto de 1578. Em 1815 é editada uma nova edição com o título: "Trovas Inéditas do Bandarra". Entre 1822 e 1823, saí mais uma edição com o título: "Verdade e Complemento das Profecias". As Trovas do Bandarra influenciaram o pensamento sebastianista e messiânico de Padre António Vieira e de Fernando Pessoa, e influenciaram inúmeras obras literárias e ensaísticas.
São três os pontos da profética de Bandarra: o Quinto Império, a ida e regresso de el-rei D. Sebastião e os destinos de Portugal. O primeiro ponto, preocupa-o em comum com toda a profética europeia, e, em certo modo, a hebraica. O segundo ponto, preocupa-se com outros profetas, estranhos à nossa nação. No terceiro ponto, das suas Trovas Bandarra preocupa-se em desvendar misteriosamente grandes movimentos das nações, culminância da civilização. De todos os “corpos” de que se compõem as profecias de Bandarra, é este o mais ordenadamente disposto, em os seus seis sonhos e a introdução que os abre. É de salientar que nos outros corpos das trovas Bandarra se ocupa de factos presos, concretos, de importância para o país, não sendo porém os de maior importância.
“Bandarra foi verdadeiro profeta, pois profetizou e escreveu tantos anos antes, tantas cousas, tão exactas, tão miúdas e tão particulares, que vemos todos cumpridas com os nossos olhos”.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Fernando Pessoa, no mundo da publicidade.

Ao fim de tantos anos de vida e de sucessos, Fernando Pessoa ainda não se sentia totalmente satisfeito consigo mesmo. Então, decide fazer uma incursão pelo mundo publicitário. Fernando Pessoa entra no mundo da publicidade com o slogan da Coca-Cola "Primeiro estranha-se, depois entranha-se", em 1928. (na época foi proíbido, mas foi recuperado muitas décadas depois).
Para Fernando Pessoa, a argumentação na publicidade não deve ser desprovida de elegância, contornando assim a ideia de texto publicitário. Para reforçar ainda mais o seu papel na publicidade em Portugal, admite-se que foi Fernando Pessoa que enunciou o conceito de “marketing”, desconhecido na altura.

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Slogans de Fernando Pessoa.

"Primeiro estranha-se. Depois entranha-se"

Fernando Pessoa, 1928, para a Coca-cola.
"Uma cinta Pompadour veste bem e ajuda sempre a vestir bem."
Fernando Pessoa.
"Seja qual for a linha da moda na Toilette feminina é sempre indispensável uma cinta Pompadour."
Fernando Pessoa.
"Ao volante do Chevrolet pela estrada de Sintra"
(Álvaro de Campos), Fernando Pessoa.

"Eu explico como foi (disse o homem triste que estava com uma cara alegre), eu explico como foi...Quando tenho um automóvel, limpo-o. Limpo-o por diversas razões: para me divertir, para fazer exercícios, para ele não ficar sujo. O ano passado comprei um carro muito azul. Também limpava esse carro. Mas, cada vez que o limpava, ele teimava em se ir embora. O azul ia empalidecendo e eu e a camurça é que ficavam azuis. Não riam... A camurça ficava realmente azul: o meu carro ia passando para a camurça. Afinal, pensei, não estou limpando este carro: estou-o desfazendo.Antes de acabar um ano, o meu carro estava metal puro: não era um carro, era uma anemia. O azul tinha passado para a camurça. Mas eu não achava graça a essa transfusão de sangue azul.Vi que tinha que pintar o carro de novo. Foi então que decidi orientar-me um pouco sobre esta questão dos esmaltes. Um carro pode ser muito bonito, mas, se o esmalte com que está pintado tiver tendência para a emigração, o carro poderá servir, mas a pintura é que não serve. A pintura deve estar pegada, como o cabelo, e não sujeita a uma liberdade repentina, como um chinó. Ora o meu carro tinha um esmalte chinó, que saía quando se empurrava. Pensei eu: quem será o amigo mais apto a servir-me de empenho para um esmalte respeitável? Lembrei-me que deveria ser o Bastos, lavadeira de automóveis com uma Caneças de duas portas nas Avenidas Novas. Ele passa a vida a esfregar automóveis, e deve portanto saber o que vale a pena esfregar. Procurei-o e disse-lhe:
- Bastos amigo, quero pintar o meu carro de gente. Quero pintá-lo com um esmalte que fique lá, com um esmalte fiel e indivorciável. Com que esmalte é que o hei-de pintar?
- Com BERRY/LOID - respondeu o Bastos.
E só uma criatura muito ignorante é que tem a necessidade de me vir aqui maçar com uma pergunta a que responderia do mesmo modo o primeiro chauffeur que soubesse a diferença entre um automóvel e uma lata de sardinhas."
(Publicidade das tintas Berry/Loid)

"Os nossos olhos são diferentes todos os dias"

Os olhos definem cada pessoa. A cor, o tamanho, a forma pouco importa. O Importante é a intensidade de um olhar e o que estes olhos sentem.
Todos os dias, quando acordamos, vemos o mundo de maneira diferente. Muitas vezes, reparamos naqueles pormenores que marcam a diferença, mas que ninguém quer ver.
A nossa experiência de vida, a nossa personalidade, o nosso conhecimento e a nossa energia torna diferente, todos os dias, os nossos olhos. A tristeza e o amor, por vezes, também os cegam. "O que os olhos não veêm, o coração não sente", uma frase bem popular que corre e boca em boca. Mas quantos de vós param, sentam-se e reflectem sobre ela? Quantos de vós, fecham os olhos aos problemas para não se deixarem levar pelo coração?
Agora eu digo-vos, sentem-se e reflectiam! Olhem, mas com olhos de ver, tudo o que vos rodeia. Olhem para os vossos problemas, olhem para as vossas vidas, olhem para além do que veêm.
Um olhar, será que é um simples olhar? Não! Um olhar consegue definir uma pessoa, um olhar fala! Tráz sentimentos consigo. Olhem para a pessoa que têm ao vosso lado, mas olhem todos os dias, será que ela é sempre igual?
A verdade é que é diferente todos os dias. Confesse-vos, a pessoa que está ao meu lado, tem cinco olhares. Um quando demonstra indiferença, outro quando chora, outro quando ama alguém, um quando sorri e outro quando se enerva. Todos estes olhares são diferentes.
Agora tu, pára! Abre os olhos e olha em teu redor. Sente a diferença. Sente a vibração, pureza e a clareza de um olhar. É verdade, nem todo o olhar é puro. Mas sintam, toquem, mostrem esse vosso olhar, não fechem os olhos porque o mundo é belo. Mas se querem tanto fechar, fechem! Mas sonha, porque a imaginação leva esses teus olhos para outra dimensão. Quando acordares e saíres desse mundo virtual, olha para além do que vês. Passa essa barreira do transcendente.
Sente cada olhar sentido. Sente, que este olhar mudo, fala! Não vejas, olha.

Bruna Matias .

domingo, 21 de setembro de 2008

Composição.

O pesadelo de Matilde.

(…)

A noite caía, a lua irradiava as suas caras e via-se um sorriso verdadeiro na cara da Matilde. No quarto, Matilde talvez dormisse calmamente e a sua mãe, provavelmente, começou também a fechar os olhos. O sono devia percorrer-lhe o corpo e deve ter adormecido.
- Socorro, mãe. Vem cá!
- O que foi, querida? Estás bem? Estás toda transpirada e a tremer. Calma.
- Abraça-me mãe.
- O que se passou, Matilde?
- Tive um pesadelo, mãe. Um pesadelo horrível, mas não quero falar disso.
- Oh minha querida, já passou. Agora dorme. Estou aqui contigo.
Matilde era uma criança reservada, mas normalmente calma. Mal o sol nasceu, Matilde saltou da cama. Vestiu-se rapidamente e caminhou em direcção à escola. Quando chegou à escola, correu para os meus braços.
- Bruna, tive um pesadelo horrível.
- Conta-me Matilde. O que se passou? – Pedi eu com ansiedade.
- Não percebi bem. Estava tudo cheio de sangue à minha volta. Não via ninguém. O medo subia-me pelo corpo e escondi-me por baixo da minha cama. Via as aranhas, as baratas e os ratos acompanharem-me. Era um nojo, Bruna. Só pó. Mas fiquei ali, imóvel como se eu mesma estivesse morta. A minha cabeça girava, como um furacão. Onde estaria a minha mãe e a minha irmã? Só pensava nisso. Mas não descobria a resposta. Tive tanto medo de perde-las, tanto.
- Tu sabes que todos nós temos que partir. Mas, não tens que estar sempre a pensar nisso e ter medo. Se viveres sempre com esse medo a perseguir-te, não vais conseguir viver a tua vida. Se pensares que cada vez que feches os olhos isso vai acontecer, então vais ficar paranóica.

(…)

Matilde, viveu sempre neste medo. Este medo invadiu todos os seus dias. Não aguentou viver, dois anos, nesta angustia e preferiu suicidar-se. Matilde morre com 20 anos.

sábado, 20 de setembro de 2008

Biografia: Miguel Torga



Miguel Torga




Adolfo Correia da Rocha, que será conhecido por Miguel Torga, nasce em 12 de Agosto de 1907, em S. Martinho da Anta, concelho de Sabrosa, Trás-os-Montes. Filho de gente do campo, não mais se desliga das origens, da família, do meio rural e da natureza que o circunda. Mesmo quando não referidos, estão sempre presentes o Pai, a Mãe, o professor primário Sr. Botelho, as fragas, as serranias, a magreza da terra, o suor para dela arrancar o pão, os próprios monumentos megalíticos em que a região é pródiga. Entra no Seminário, donde sai pouco depois.
Emigra para o Brasil em 1920. Trabalha na fazenda do tio, é a dureza da "capinagem" do café. O tio apercebe-se das suas qualidades. Paga-lhe ingresso e estudos no liceu de Leopoldina, onde os professores notam as suas capacidades.
Regressa a Portugal em 1925. Entra da Faculdade de Medicina de Coimbra. Participa moderadamente na boémia coimbrã. Ainda estudante publica os seus primeiros livros. Com ajuda financeira do tio brasileiro conclui a formatura em 1933.
A família é um dos pontos fulcrais da sua vida. O pai, com quem a comunicação se faz quase sem necessidade de palavras, é um dos fortes esteios da sua ternura, amor e respeito. Cortei o cabelo ao meu pai e fiz-lhe a barba. (...) Foi sempre bonito, o velhote... Recorda os braços do pai pegando pela primeira vez na neta, recém nascida. O mesmo amor em poemas dedicados à mãe. Por sua mulher e filha um afecto profundo, também.
Viajante incansável por todo o país e estrangeiro. Visita a China e a Índia já próximo dos oitenta anos. Pareço um doido a correr esta pátria e nem chego a saber por quê tanta peregrinação. Os monumentos entusiasmam-no. Os Jerónimos, a Batalha e Alcobaça têm sentido na Alma da nação. Mafra é uma estupidez que justifica uma punição aos reis douro que fizeram construir o convento. Os monumentos paleolíticos fascinam-no. Sou uma encruzilhada de duas naturezas. De variadíssimas, dirá quem bem o conhece...
Morre em 17 de Janeiro de 1995. Enterrado em S. Martinho da Anta, junto dos pais e irmã.


Algumas obras: Pão Ázimo, 1931; A Terceira Voz, 1934; Bichos, 1940; O Senhor Ventura, 1943; Um Reino Maravilhoso, 1941;Trás-os-Montes, 1941; Vindima, 1945; Traço de União, 1955; Fogo Preso, 1976; Mar, 1941; O Paraíso, 1949; Sinfonia, 1947; Antologia Poética, 1981.

Biografia: Gil Vicente


Gil Vicente


Pouco se sabe sobre a vida de Gil Vicente. Pensa-se que terá nascido por volta de 1465, em Guimarães ou algures na Beira. Duas vezes casado, teve cinco filhos, dos quais os mais conhecidos são Paula Vicente, que deixou fama de uma mulher invulgarmente culta, e Luís Vicente, que organizou a primeira Compilação das obras de seu pai.
No início do século XVI encontramo-lo na corte, participando nos torneios poéticos que Garcia de Resende
documentou no seu Cancioneiro Geral.
Em documentos da época há referência a um Gil Vicente, ourives, a quem é atribuída a famosa Custódia de Belém (1506), obra-prima da ourivesaria portuguesa do século XVI, e a um Gil Vicente que foi "mestre da balança" da Casa da Moeda. Alguns autores defendem que o dramaturgo, o ourives e o mestre de balança seriam a mesma pessoa, mas até hoje não foi possível provar isso de forma incontestável, embora a identificação do dramaturgo com o ourives seja mais credível, dada a abundância de termos técnicos de ourivesaria nos seus autos.

Algumas obras: Auto da Visitação (1502), Auto Pastoril Castelhano (1502), Auto da Índia (1509), Auto das Fadas (1511), O Velho da Horta (1512), Comédia do Viúvo (1514), Auto da Barca do Inferno (1517), Auto Pastoril Português (1523), Nau d'Amores (1527), Floresta de Enganos (1536).

Biografia: Alves Redol


Alves Redol

Escritor português, natural de Vila Franca de Xira, foi uma figura central do Neo-Realismo português, sendo autor de uma vasta obra ficcional, que inclui o teatro e o conto.
A sua origem humilde não lhe permitiu prosseguir os estudos, obrigando-o a empregar-se muito cedo para ganhar a sua subsistência; por isso, aos dezasseis anos, partiu para Luanda, mas regressou à Metrópole em 1930, começando então a colaborar na imprensa.

Romancista, contista e dramaturgo, a sua obra sofre influências do romance brasileiro nordestino, tendo-se estreado em 1940, com Gaibéus, obra que marca oficialmente o aparecimento do Neo-Realismo português, movimento de que Alves Redol foi um dos iniciadores e em cuja defesa se lançou, em 1936, numa acesa polémica contra a revista Presença.

O carácter meramente documental e de intervenção político – sociológica da obra deste autor dará lugar mais tarde a romances mais elaborados e o nível da linguagem e da analise psicológica, atingindo o seu melhor com Barranco de Cegos. De entre a sua obra destacam-se, ainda, Horizonte Cerrado (Prémio Ricardo Malheiros), Fanga, a trilogia do Ciclo Port-Wine, o Comboio das Seis, A Vida Mágica da Sementinha e Constantino, Guardador da Vacas e de Sonhos.