sábado, 29 de novembro de 2008

" I have a dream "

Discurso proferido no dia 28 de Agosto de 1963, aquando da Marcha Nacional sobre Washington em que participaram cerca de 250000 pessoas e que foi considerada a mais importante e a mais significativa marcha pela liberdade e pela justiça nos Estados Unidos. Dessa marcha, irão resultar a nova lei dos Direitos Civis (1964) e a Lei dos Direitos de Voto (1965).

" Sinto-me feliz por estar hoje aqui convosco naquela que irá ficar na história da nossa nação como a maior manifestação pela liberdade. Há um século, um grande Americano, a cuja sombra simbólica nos acolhemos hoje, assinou a Proclamação de Emancipação. Essa proclamação de extraordinária importância foi como um grande farol que veio iluminar a esperança de milhões de escravos negros, que ardiam nas chamas da asfixiante injustiça. (…)

Mas há uma coisa que eu posso dizer ao meu povo, que se mantém firme no limiar acolhedor de acessos ao palácio da justiça: no processo de conquista do lugar a que temos direito, importa que não cometamos actos condenáveis. Não podemos saciar a nossa sede de liberdade bebendo do cálice da acrimónia e do ódio. Temos de travar e nossa batalha mantendo-nos sempre num plano elevado de dignidade e disciplina. Não podemos consentir que o nosso protesto criativo degenere em violência física. Sistematicamente, temos de nos erguer à altura majestosa da resposta à força física pela força anímica. (…)

Não nos deixemos afundar no vale do desespero. Digo-vos hoje, meus amigos: mesmo que tenhamos de enfrentar as dificuldades de hoje e de amanhã, eu ainda tenho um sonho. Um sonho que mergulha profundamente as suas raízes no sonho americano.

Tenho um sonho de que um dia esta nação se irá erguer e viver o significado autêntico do seu credo – temos por verdades evidentes que todos os homens foram criados iguais.

Tenho um sonho de que um dia nas vermelhas encostas da Geórgia os filhos dos antigos escravos e os filhos dos antigos donos de escravos conseguirão sentar-se juntos à mesa da fraternidade.

Tenho um sonho de que até o Estado do Mississípi, um Estado asfixiado pelo calor da injustiça, asfixiado pelo calor da opressão, se irá transformar num oásis de liberdade e justiça.

Tenho um sonho de que os meus quatro filhos pequenos irão um dia viver num país em que não serão julgados pela cor da sua pele mas sim pelo conteúdo do seu carácter.

Eu hoje tenho um sonho!

Tenho um sonho de que um dia, no longínquo Alabama, com os seus tenebrosos racistas, com o seu governador de cujos lábios brotam palavras de interposição e de aniquilação, um dia, precisamente no Alabama, os meninos pretos e as meninas pretas irão poder dar irmãmente as mãos os meninos brancos e às meninas brancas.

Eu tenho um sonho!

Tenho um sonho de que um dia todo o vale será exaltado, e todo o monte e todo o outeiro serão abatidos: e o que está torcido se endireitará, e o que é áspero se aplainará. (…)

É a nossa esperança. É esta a fé que eu vou levar comigo no meu regresso ao Sul. (…)

Biografia de Martin Luther King



Martin Luther King nasceu em 15 de Janeiro de 1929 em Atlanta na Geórgia, filho primogénito de uma família de negros norte-americanos de classe média. Seu pai era pastor baptista e sua mãe era professora.
Com 19 anos de idade, Luther King tornou-se pastor baptista. E, mais tarde, formou-se teólogo, no Seminário de Crozer. Também fez pós-graduação na universidade de Boston, onde conheceu Coretta Scott, uma estudante de música com quem se casou. Foi professor em Memphis, dirigiu a famosa greve contra a discriminação nos transportes públicos, erigindo-se em campeão dos direitos dos negros. Pugnou pela resistência passiva ao estilo Ghandi, como forma de consecução dos seus objectivos.

Ganhou o prémio Nobel da Paz, em 1964.

O seu pacifismo não impediu o seu assassinato em Memphis, em Abril de 1968.