domingo, 21 de dezembro de 2008

Memória ao Conservatório Real de Almeida Garrett

Na Memória ao Conservatório Real, lida quando ofereceu o "Frei Luís de Sousa" à prestimosa instituição, afirma Garrett que a peça capaz de entusiasmar o homem moderno é o drama romântico. Expõe esse acerto comentando a peça que leva na mão. Almeida Garrett não quis fazer uma trágedia e, continua a expor o dramaturgo que não lhe deu o nome de tragédia, porque:
- o assunto não é antigo;
- não quis usar o verso;
- utilizou a prosa, pois mal parecia não colocar prosa na boca do melhor prosador português.
Garret conta que a história de Frei Luís de Sousa tem a mesma simplicidade de uma fábula trágica antiga. Na história do Frei Luís de Sousa, há simplicidade trágica, mas há, também, o espírito do Cristianismo que suaviza o desespero das personagens: em vez de uma morte violenta, “morrem para o mundo”, entregam-se a Deus. As personagens da pbra podem ser comparadas a personagens mitológicas evidenciando, contudo, a sua superioridade.
É uma acção muito “simples”, sem paixões violentas: poucas personagens, todas elas genuinamente cristãs , sem um “vilão”, sem assassínios, sem “sangue”. Sem estes “ingredientes”macabros, tão usados na época para captar o interesse das plateias, Garrett quis verificar se era possível despertar, nesse público ávido de emoções fortes, os dois sentimentos únicos de uma tragédia: o terror e a piedade.

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